“Ganhar ou Perder” eis a questão!
Todas as pessoas buscam a FELICIDADE. E essa ânsia é própria do ser humano, pois fomos criados para sermos felizes. No entanto, atrelamos essa felicidade ao binômio “ganhar ou perder”.
Quando ganhamos algo, seja o que for – um presente, um aumento de salário, uma promoção, um elogio, um prêmio, uma namorada, um amigo, uma companheira, um carinho, um gesto de amor – algo que reconhecemos como um bem, nós expressamos um sentimento de satisfação, de alegria, e o identificamos com a felicidade.
Por outro lado, quando perdemos algo – um emprego, uma promoção, uma competição, um parente, uma pessoa querida, o carinho ou amor de alguém – nós nos sentimos derrotados, e expressamos sentimentos de frustração, tristeza e até depressão, e nos dizemos infelizes.
Olhando por essa ótica, ninguém poderá ser inteiramente feliz, pois na nossa vida “ganhar ou perder” é uma constante, faz parte do jogo de escolhas que devemos fazer diariamente. E essas escolhas vão determinar o que ganhamos e o que perdemos.
No entanto, quando confrontamos essa identificação da FELICIDADE com o binômio “GANHAR ou PERDER” do ponto de vista da fé, encontramos um paradoxo.
Jesus veio ao mundo para a salvação da humanidade. Encarnou-se no seio de um povo – o povo judeu – e a eles deu seu testemunho de amor. Porém, a maioria dos judeus não entendeu a proposta de Jesus e por causa disso Ele foi condenado, crucificado e morto na cruz.
Do ponto de vista do “ganhar ou perder”, Jesus era um vencedor ou um perdedor? E Ele era feliz ou infeliz?
Certamente isso nos deixa desconcertados. Pela ótica da racionalidade humana, Jesus não alcançou seu objetivo, não venceu, pois a morte representava uma derrota, portanto não era feliz.
No entanto, a ótica de Deus é diferente da nossa, Ele não mede o sucesso, não avalia ganhos e perdas. Deus deseja o triunfo de todos, mas esse triunfo não está ligado a vencer ou perder.
É o triunfo de Deus que traz a felicidade.
Triunfar não é ganhar algo ou alcançar um posto. O triunfo não é refém do poder, nem está ligado ao sucesso, ele é maior que a vitória. Triunfar é ser fiel a si mesmo, é não abrir mão da própria consciência, nem abandonar os princípios e valores que norteiam nossa vida. Triunfar é não fazer concessões apenas para agradar a sociedade no intuito de alcançar reconhecimento e satisfação.
O projeto de felicidade de Deus não é um projeto de orgulho ou vaidade, que diferencia as pessoas em vencedoras e perdedoras. O projeto de Deus é um projeto de amor. Amor a si mesmo e ao outro, amor que nos faz iguais, apesar das vitórias e derrotas que sofremos. É também um projeto de paz, que nasce do respeito por si e pelo outro.
Assim, Jesus triunfou. Apesar de perder a vida, Ele não perdeu o amor do Pai, ele foi fiel ao seu projeto, que certamente não era um projeto de morte, mas de vida. Mesmo diante de todo descaso e sofrimento Jesus era feliz porque estava em paz consigo mesmo e, dessa forma, em paz com Deus.
A paz de Deus não se apresenta pela ausência de conflitos, mas pela presença do amor compassivo e misericordioso, que nos faz solidários aos irmãos, humildes diante de Deus, como foi Jesus.
“Pai perdoai-os porque não sabem o que fazem”; “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu Espírito”; essas duas frases de Jesus, proclamadas no alto da cruz mostram a essência do bem maior que Jesus veio nos revelar, a Lei do Amor, que é maior que qualquer outra lei. Amor que perdoa; Amor que se entrega. Foi esse Amor que salvou a humanidade. E será sempre a fidelidade a esse Amor que levará a pessoa humana ao triunfo e à Felicidade, ainda que aos olhos do mundo ela não seja uma vencedora.
A FELICIDADE está dentro de nós, e para encontrá-la basta encontrar-nos com Deus que em nós habita.
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