Festa de Pentecoste
A Festa de Pentecostes acontece 50 dias depois da Páscoa, e representa para nós cristãos a inauguração da Igreja, povo de Deus reunido por Cristo e movido pelo seu Espírito.
Com a morte de Jesus, os seus discípulos se dispersaram e muitos ficaram decepcionados pois esperavam que Jesus fosse o Messias vitorioso que os libertaria do jugo do Império Romano e ao contrário ele foi preso e morto (cf. Lc, 24, 13-21)Aqueles que haviam convivido mais de perto com Jesus, os apóstolos, foram pouco a pouco fazendo a experiência de que Jesus, apesar de morrer como um maldito, estava vivo, pois Deus o ressuscitara, provando que Ele era de fato o Cristo. Movidos por essa certeza, os apóstolos foram novamente se reunindo às escondidas, com medo da reação dos outros, mas fiéis a Jesus e aos seus ensinamentos.
A Festa de Pentecostes era uma das festas mais importantes para os israelitas, juntamente com a Festa da Páscoa. Era a Festa da Colheita, uma festa agrária, dedicada exclusivamente a Javé (Dt 16,10), onde eram oferecidas as primícias de toda colheita como sinal do reconhecimento de que Deus era o Doador da terra e a Fonte de tudo que ela produzia, Fonte de todo bem (Lv 23,11).
Na Festa da Colheita o povo de Israel celebrava o ciclo da vida e reconhecia que a Palavra de Deus estava na origem de toda a vida: da semente, da árvore, do fruto, do alimento.
Era uma festa "ecumênica", aberta a todos, os produtores rurais e seus familiares, os trabalhadores do campo, os pobres, os levitas e também os estrangeiros (Dt 16,11). Essa festa celebrava a ação de Deus que cria e sustenta a vida do mundo criado, e tinha por objetivo manter vivo o espírito de fraternidade, o compromisso com Deus e com a comunidade, a partilha dos dons recebidos e o agradecimento pelas bênçãos.
Com o tempo, essa festa, que era realizada 50 dias após a Festa da Páscoa (por isso o nome pentecostes, que em grego significa cinquenta dias depois) tornou-se também a celebração da aliança feita com Deus no deserto, depois da libertação do Egito, quando receberam as Tábuas da Lei. Assim, durante as sete semanas que a festa durava, os israelitas também estudavam a Torá, que é o Livro da Lei (esse livro reune os cinco primeiros livros da Bíblia, também chamados de Pentateuco). Para os israelitas, a manifestação do Espírito de Deus sempre esteve diretamente relacionada ao estudo da Lei (cf. Salmos 19 e 119).
Os apóstolos estavam reunidos para a Festa do Pentecoste, certamente se dedicando ao estudo da Torá, quando a força do Espírito lhes tira todo medo, inflamando seus corações e lhes dando todo entendimento que os fez sair para o meio do povo e começar a anunciar a Boa Nova de Jesus (At 2, 1-13).
A partir desse momento surge uma nova comunidade, aberta a todos aqueles que se deixavam inflamar pela força do Espírito e seguiam o caminho de Jesus. O novo "Povo de Deus", não mais disperso pela diferença de nação, de raça ou de língua como em Babel (Gn 11, 1-9), mas unidos de tal forma que podiam se entender apesar dessas diferenças(At 2, 8). E esse novo povo vai viver unido num só coração (At 2, 46).
Festa da Santíssima Trindade
No domingo seguinte ao da Festa de Pentecostes, celebra-se a Festa da Santíssima Trindade, do Deus Único que se manifesta em três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Esse é um dos mistérios mais instigantes da nossa fé, e como diz a lenda de Santo Agostinho, é mais fácil colocar toda a água do mar em um pequeno buraco do que entender o mistério da Santíssima Trindade.
Não temos a intenção de desvendar esse mistério, mas de jogar um pouco de luz sobre ele, para facilitar a sua compreensão.
Primeiro vamos ver qual o significado da palavra "pessoa". Para São Tomás de Aquino, pessoa é distinção e relação. Isso significa que pessoa é aquela que tendo natureza distinta está em relação com toda a natureza. Ou seja, pessoa é o ser que se relaciona sem perder o que a distingue dos demais.
O nosso Deus, único e supremo, não é um Deus distante, mas um Deus próximo, que caminha com seu povo, que ouve seu clamor e deseja que sejam felizes. Nosso Deus é um Deus amoroso e compassivo, que se relaciona com o mundo criado.
Ele é o Criador, que imprime todos os seus dons na obra prima da criação. E por amor faz do ser humano sua imagem e semelhança.
A própria afirmação de que Deus nos criou por amor já traz embutida em si a relação do Criador com a criação, pois o amor é sempre um ato de relação. Temos portanto, em Deus Criador a primeira Pessoa, aquela que se relaciona com toda a criação.
Porém, a relação de Deus com a criatura, envolta pelo mistério que Ele representa para o racional humano, necessita de mediação.
Surge então Jesus, o Cristo, que emana de Deus para encarnar-se na dimensão humana, o Filho, segunda Pessoa na relacão com Deus Pai que também está em relação com o Homem (Humanidade).
Ambos, Pai e Filho são único Deus, mesma essência que se manifesta em duas Pessoas (Jo 14, 10-11).
Quando Jesus volta para o Pai, Ele cumpre a promessa feita a seus discípulos, de enviar-lhes o paráclito que estará sempre com eles (Jo 14, 16-18) e com todos os que crerem. Jesus dá seu Espírito, sopra Espírito Santo no mundo (Jo 20,19-22), o Espírito que emana do Filho e do Pai, terceira Pessoa da Trindade que vai perpetuar a relação de Deus com a Humanidade.
Três Pessoas em um só Deus!
Celebrar a Festa da Santíssima Trindade é celebrar o imenso amor de Deus Único por nós, um Amor tão grande que se fez Trino para estar em constante relação com a nossa Humanidade.
Festa de Corpus Christi
Corpus Christi é uma expressão latina que significa Corpo de Cristo. É também o nome dado á festa que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia.
Essa festa é realizada anualmente na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. É uma festa de 'preceito', isto é, para os cristãos católicos é obrigatória a participação na Celebração Eucarística nesse dia.
Geralmente as comunidades católicas fazem uma procissão pelas vias públicas após a celebração da Missa, que atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cân. 944) que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo."
A Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao Século XIII. Nesse período a Igreja sentiu a necessidade de realçar a presença real do "Cristo todo" no pão consagrado, para por fim à proliferação de doutrinas heréticas sobre o assunto.
A Festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV com a Bula ‘Transiturus’ de 11 de agosto de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes.
O decreto de Urbano IV teve pouca repercussão, pois o Papa morreu em seguida. No entanto, a festa se propagou por algumas igrejas. Em Colônia na Alemanha, a Festa de Corpus Christi é celebrada desde antes de 1270, onde surgiu o costume da procissão e difundiu-se primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Em Roma a procissão acontece desde 1350.
Em muitas cidades brasileiras é costume ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa. Esta festividade de longa data se constitui uma tradição no Brasil, principalmente nas cidades históricas, que se revestem de práticas antigas e tradicionais e que são embelezadas com decorações de acordo com costumes locais.
Hoje, celebrar a Festa de Corpus Christi deveria significar celebrar a comunhão da comunidade cristã que se reune em torno da Eucarístia e por ela é alimentada para viver a partilha e a solidariedade que promovem a justiça e a paz. A santa Eucaristia não aprisiona o Espírito de Jesus, mas é substancialmente seu Corpo e seu Sangue, memorial do Cristo, da sua vida, da sua ação, da sua missão, para que todos aqueles que creem e dela se alimentam façam da própria vida memória de Jesus e sejam “sal da terra e luz do mundo”
Adorar a santa Eucaristia só tem sentido se essa adoração for traduzida na partilha do pão: pão alimento, pão educação, pão moradia, pão saúde, pão da vida digna.
Assim, verdadeiramente estaremos fazendo memória de Jesus Cristo e honrando seu Corpo e Sangue.
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