Neste mês, muito se ouve falar sobre mãe, cantada em verso e prosa. Muitas serão as justas homenagens àquela que é responsável por dar continuidade ao projeto criador de Deus.
Em tempo de grandes avanços científicos, onde há filhos de proveta, a criação humana continua vinculada à dependência da mãe, daquela que acolhe e abriga em seu seio a vida latente de um óvulo fecundado, para dar continuidade à criação humana, e depois cuida com desvelo para que possa crescer em estatura e graça diante de Deus.
Por que Deus teria confiado à mulher tão grande missão?
Para responder a essa questão, vamos recorrer ao que disse o Papa João Paulo I, na hora do Ângelus, aos fiéis que estavam na praça de São Pedro no dia 10 de setembro de 1978: “Ele é papá; mais ainda, é mãe”. Que traduzido significa: Ele (Deus) é papai; mais que isso, é mãe.
Deus é Pai e Mãe! O Papa João Paulo I foi o primeiro a ter a coragem de, num mundo machista dominado pelo poder patriarcal, proclamar uma imagem feminina de Deus e afirmar seu amor materno. E não falou isso sem provas, não cometeu nenhuma heresia esse santo de Deus, mas falou tendo o respaldo das Escrituras.
Vamos tomar como exemplos algumas afirmações que Jesus faz a respeito de Deus.
Na parábola do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32), embora se fale de pai, suas atitudes são de mãe, seu amor incondicional é de mãe. Como fala João Paulo I, “Os filhos, se por acaso estão doentes, possuem um título a mais para serem amados pela mãe”. O coração da mãe é um coração compassivo, como o de Deus, “lento para a cólera e rico em bondade” (Sl 103,8). Assim, a espera ansiosa, diária, pelo filho perdido, somada à imensa alegria que faz correr na sua direção e abraçá-lo sem pedir explicações nem querer ouvir seu pedido de perdão porque já está perdoado, e além de tudo festejar a sua volta, é indiscutivelmente um gesto materno, que põe em questão o modelo patriarcal da sociedade daquela época e de todas as épocas.
No texto do evangelho de João (Jo 3,1-7), Jesus diz a Nicodemos que é preciso nascer de novo para entrar no Reino de Deus, ao que Nicodemos questiona: “Como pode alguém nascer, se já é velho? Ele poderá entrar uma segunda vez no ventre de sua mãe para nascer?”. Podemos ver que Nicodemos entende o que Jesus fala a partir de uma imagem feminina, do útero da mãe é a única forma de se nascer. E Jesus não o repreende nem corrige, ao contrário, faz um paralelo entre nascer da carne e nascer do Espírito, reforçando a necessidade de nascer de novo, de um novo modo de ser: “O que nasceu da carne é carne; o que nasceu do Espírito é espírito”. Assim, Jesus amplia a imagem materna quando explica que quem nasce da mulher é humano, enquanto quem nasce do Espírito é divino. Ele apresenta o Deus único que é Espírito como a divina mãe.
Da mesma forma como esses, podemos encontrar outros textos bíblicos que trazem a imagem de Deus Mãe.
Não pretendemos com isso escandalizar ou negar a imagem masculina de Deus, pois Ele é o ser completo, o Espírito que dá vida a partir da própria vida, e por isso fez o ser humano à sua imagem e semelhança, homem e mulher.
Queremos apenas mostrar porque a mãe mulher é a imagem humana de Deus, e porque Ele confiou a elas tal missão, a maior e mais bela de todas as missões, a de ser junto com Ele cocriadora da humanidade.
É por isso que devemos devotar às nossas mães todo o nosso amor, nossa gratidão e nosso respeito. Felizes aqueles que têm uma mãe e com elas aprendem a amar, a perdoar, a se doar, pois estão no caminho de Deus.
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