domingo, 23 de maio de 2010

A Festa de Pentecostes - Atos dos Apóstolos 2, 1-13

A Festa de Pentecostes representa para nós cristãos a inauguração da Igreja, povo de Deus reunido por Cristo e movido pelo seu Espírito.
Com a morte de Jesus, os discípulos se dispersaram e muitos ficaram decepcionados pois esperavam que Jesus fosse o Messias vitorioso que os libertaria do jugo do Império Romano e ao contrário ele foi preso e morto.
Aqueles que haviam convivido mais de perto com Jesus, os apóstolos, foram pouco a pouco fazendo a experiência de que Jesus, apesar de morrer como um maldito, estava vivo, pois Deus o ressuscitara, provando que Ele era de fato o Cristo. Movidos por essa certeza, os apóstolos foram novamente se reunindo às escondidas, com medo da reação dos outros, mas fiéis a Jesus e aos seus ensinamentos.
A Festa de Pentecostes era uma das festas mais importantes para os israelitas, juntamente com a Festa da Páscoa. Era a Festa da Colheita, uma festa agrária, dedicada exclusivamente a Javé (Dt 16,10), onde eram oferecidas as primícias de toda colheita como sinal do reconhecimento de que Deus era o Doador da terra e a Fonte de tudo que ela produzia, Fonte de todo bem (Lv 23,11).
Na Festa da Colheita o povo de Israel celebrava o ciclo da vida e reconhecia que a Palavra de Deus estava na origem de toda a vida: da semente, da árvore, do fruto, do alimento.
Era uma festa "ecumênica", aberta a todos, os produtores rurais e seus familiares, os trabalhadores do campo, os pobres, os levitas e também os estrangeiros (Dt 16,11). Essa festa celebrava a ação de Deus que cria e sustenta a vida do mundo criado, e tinha por objetivo manter vivo o espírito de fraternidade, o compromisso com Deus e com a comunidade, a partilha dos dons recebidos e o agradecimento pelas bênçãos.
Com o tempo, essa festa, que era realizada 50 dias após a Festa da Páscoa (por isso o nome pentecostes, que em grego significa cinquenta dias depois) tornou-se também a celebração da aliança feita com Deus no deserto, depois da libertação do Egito, quando receberam as Tábuas da Lei. Assim, durante as sete semanas que a festa durava, os israelitas também estudavam a Torá, que é o Livro da Lei (esse livro reune os cinco primeiros livros da Bíblia, também chamados de Pentateuco). Para os israelitas, a manifestação do Espírito de Deus sempre esteve diretamente relacionada ao estudo da Lei (cf. Salmos 19 e 119).
Os apóstolos estavam reunidos para a Festa do Pentecoste, certamente se dedicando ao estudo da Torá, quando a força do Espírito lhes tira todo medo, inflamando seus corações e lhes dando todo entendimento que os fez sair para o meio do povo e começar a anunciar a Boa Nova de Jesus (At 2, 1-13).
A partir desse momento surge uma nova comunidade, aberta a todos aqueles que se deixavam inflamar pela força do Espírito e seguiam o caminho de Jesus. O novo "Povo de Deus", não mais disperso pela diferença de nação, de raça ou de língua como em Babel (Gn 11, 1-9), mas unidos de tal forma que podiam se entender apesar dessas diferenças(At 2, 8). E esse novo povo vai viver unido num só coração (At 2, 46).

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