quinta-feira, 9 de julho de 2009

Os fatos bíblicos e a nossa compreensão.


Em primeiro lugar, é preciso ter consciência de que a Bíblia não foi escrita para nós, povo do século 21, multirracial, pluricultural e midiático. A Bíblia foi escrita para os hebreus, povo formado pela união de vários grupos que fugiam de todo tipo de dominação.
Assim, temos um grupo nômade que vivia no deserto, caminhando sempre em busca de um Oasis onde pudesse viver pelo menos por algum tempo, enquanto houvesse água e vegetação para alimentar os animais. Depois temos outro grupo que havia se instalado no Egito, e lá trabalhava e vivia, mas que diante da penúria de um tempo de crise, sentindo-se explorado, vai em busca de um lugar melhor para viver. Também temos outros grupos, que vivendo à beira das cidades-estados que haviam nos montes, onde a terra era fértil, estavam cansados de serem explorados pelos reis que cobravam altos impostos e exigiam que os agricultores contribuíssem para a alimentação da corte, além de escravizarem suas filhas para servir o palácio e recrutarem seus filhos para formar o exército que os defendia, vão embora para o deserto.
É da união de todos esses grupos, que vêm de lugares diferentes, trazendo culturas e tradições diferentes, que se forma o povo que vai dominar a “terra prometida”, procurada por todos. A união deles funde uma nova nação, mas funde também as culturas, conhecimentos e religiões que trazem, formando um novo povo, que deseja conquistar uma nova terra, que seja fértil e produtiva, onde possa se instalar e viver para sempre sem opressão.
Esse povo transmite a seus filhos suas tradições, narrando verbalmente sua epopéia, mesclando culturas, mitos, lendas e fatos, e formando sua história de fé. Não há qualquer registro histórico científico que comprove a história bíblica. Há apenas alguns poucos documentos oficiais (que têm valor histórico) que trazem alguma informação, como por exemplo a informação sobre o censo realizado no tempo do rei Herodes.
Muitos dos acontecimentos que encontramos na Bíblia, principalmente no Primeiro Testamento, ou Bíblia Hebraica, são comuns a outras religiões mais antigas, como o Budismo e o Hinduísmo, relacionadas à manifestação de seus deuses, o que demonstra que são tradições lendárias, inculturadas. Um bom exemplo disso é a narração do dilúvio, cuja inspiração vem de um poema datado de 4000 anos antes de Cristo – lembrando-se que a história do povo Hebreu vem de 1800 anos antes de Cristo.

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