
Uma Profissão de Fé
Jesus quer saber o que pensam seus seguidores a seu respeito, mas para isso se afasta do meio dos judeus, para que não sejam influenciados pela visão do messias davídico, triunfal. Em território livre de pré-conceitos ele pergunta: "Quem dizem ser o Filho do Homem?". Aqui é preciso uma explicação: a expressão "Filho do Homem" significa "Filho da Humanidade Redimida", isto é Jesus é o ser humano à imagem e semelhança de Deus, como o sonho da Criação, o Homem portador do Espírito de Deus. E essa realidade se contrapõe à dos homens que não são guiados pelo Espírito e por isso mesmo não reconhecem a ação de Deus em Jesus. A resposta a essa pergunta mostra que toda gente liga Jesus aos personagens da história do Primeiro Testamento, ao passado, como mais um profeta enviado por Deus, incapazes de perceber a originalidade da condição de Jesus, e por isso não compreendem a sua messianidade.
Mas quando dirige sua pergunta aos apóstolos, sua pergunta muda de foco: E vocês, quem dizeis que eu sou?
A expressão "eu sou" remete ao nome do próprio Deus. E Pedro, em nome de todos os discípulos, responde com uma profunda profissão de fé: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". Essa resposta se opõe à visão de toda gente, Jesus é Filho de Deus, não simplesmente Filho de Davi. É Deus presente entre nós, Deus vivo.
Pedro pertence ao grupo dos pobres, a quem pertence o Reino, como foi anunciado nas bem-aventuranças, pertence à categoria dos simples, não dos sábios e entendidos, a quem Deus revela o Filho, e o Filho revela o Pai. O apóstolos acolheram os ensinamentos de Jesus e compreenderam a profundidade do seu agir.
E é a estes que Jesus escolhe para ser a rocha sobre a qual a comunidade vai se edificar. Diz a Pedro que ele é pedra, que está solta, que se pode rolar, lançar, mas que é essa rocha, símbolo de firmeza, que será o alicerce da sua Igreja - aqui igreja significa assembléia da cidade, sociedade humana. Isto é, Jesus afirma que são os homens (seres humanos) de fé que serão as rochas do alicerce do Reino. E que nenhuma forma de morte poderá destruí-los nem destruir o Reino, comunidade dos fiéis onde todos poderão viver uma vida nova (ser ligados), mas também onde não há lugar para os que não crêem (serão desligados).
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