domingo, 3 de outubro de 2010

Curso Bíblico à Distância - Evangelhos Sinóticos - aula 3

Dando prosseguimento ao nosso Curso Bíblico sobre os EVANGELHOS SINÓTICOS, vamos dar continuidade à Introdução procurando explicar como os textos dos evangelhos foram compostos, isto é, como foram reunidos diferentes escritos sobre as atividades de Jesus que as comunidades conheciam.


AS COLEÇÕES DOS ESCRITOS DOS EVANGELHOS

Vamos entender como os textos foram compostos em forma de coleções, que podem ser divididas por sua forma peculiar de apresentar a mensagem e a ação de Jesus nos seus anos de vida pública.

No primeiro século da era cristã, depois da morte de Jesus, as novas comunidades que vão surgindo começam a se preocupar em escrever sobre o que lembravam da ação e dos ensinamentos de Jesus, que até esse momento era apenas transmitido de forma oral. Começa então a surgir algumas coleções de escritos:

  • Coleções de milagres (Mt 8-9; Mc 4,35-5,43) 
  • Coleção de parábolas (Mc 4)
  • Coleção de discussões de Jesus com grupos variados (Mc 2,1-37; 11,27-12,44) 
  • Coleções de palavras de Jesus (Mt 5-7; Jô 4-17)

Embora ao organizar as coleções não houvesse preocupação com sua cronologia, isto é, em apresentá-las na ordem temporal em que aconteceram, ao inseri-las nos textos evangélicos elas são apresentadas com outros textos, formando uma sequência que vai do início da missão de Jesus, até a sua morte e ressurreição. Assim, não podemos ler o Evangelho como se fosse uma história cronológica, onde as coisas aconteceram exatamente no tempo e da forma como são narradas.

Por volta dos anos 60 a 70 a maioria daqueles que conviveram com Jesus já havia morrido, a maioria martirizada, o que vai acelerar o processo de escrita e a organização desses textos.

O primeiro evangelho escrito de forma organizada foi escrito por Marcos, por volta dos anos 68 a 70. Depois dele surge o de Mateus e o de Lucas, escritos por volta da década de 80. Esses dois evangelistas conheceram o evangelho escrito por Marcos, e fizeram dele uma fonte importante, buscando compor seus evangelhos a partir dos escritos de Marcos.

Porém, o evangelho de Marcos não é a única fonte de reflexão. Tanto Mateus quanto Lucas têm outras fontes, coleções de escritos próprias e também uma outra fonte comum aos dois, chamada fonte Q – que é uma coleção denominada Quelle, que em alemão significa “fonte”, e que se perdeu ao longo do tempo.

Mas vejam bem, os evangelhos não são cópias de outros textos, mas são frutos da reflexão dos escritos, a partir da vida e dos desafios das comunidades que geram e também são as destinatárias dos evangelhos.

São reconhecidos como “Evangelho” apenas os quatro textos de origem apostólica, isto é, que apresentam a pregação dos apóstolos. Isso não significa que eles tenham sido os escritores, pois na cultura judaica era comum atribuir-se a pessoas destacadas da comunidade a autoria dos escritos.

Outros textos surgiram posteriormente, mas embora trouxessem o nome de evangelho e ostentassem o nome de um apóstolo como se fossem escritos por ele, não possuíam fundamento histórico, mostravam grande atração pela realização de milagres surpreendentes, até mesmo propondo ensinamentos cheios de mistério, diferente do que foi pregado pelos apóstolos. Esses textos foram denominados “Evangelhos apócrifos”, que significa “postos a parte”.

[Continua no próximo mês. Envie suas dúvidas para teologiasantana@gmail.com que responderei. Guarde os textos e no final terá uma apostila. As aulas anteriores você no Blog da Teo em Curso Bíblico – Sinóticos]

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