Sempre que lemos ou ouvimos este Evangelho, nos detemos na vocação dos apóstolos como fato determinante. Porém, a verdadeira essência desse texto está na atitude de Jesus de se colocar em íntima sintonia com o Pai antes de fazer suas escolhas. Em muitas passagens do seu Evangelho, Jesus se afasta para orar antes de fazer qualquer escolha, assim como dá graças sempre em meio às suas ações e também se coloca em oração depois de concluí-las.
Jesus está em constante sintonia com Deus e tudo o que faz e diz está impregnado pelo amor ágape do Pai. Jesus é o Filho obediente, aquele que crê no amor transformador gerado pela misericórdia divina. Ele depende do Pai para que seu agir seja impregnado de compaixão, assim como o Pai depende dele para expressá-la à humanidade.
A nossa salvação é fruto dessa mútua doação, dessa interdependência. Somente se torna agente do Amor aquele que se abandona a esse Amor, aquele que se deixa mover pelo Ágape.
Os apóstolos foram escolhidos por esse critério: “deixa tudo e segue-me”; “não tenhas medo, de agora em diante farei de você pescador de homens”. Cada um deles teve que confiar, deixar para trás os anseios humanos e abandonar-se nas mãos de Deus, deixando-se levar pelos sonhos de Jesus, deixando-se mover pelos ideais do Reino.
É essa profunda sintonia de Jesus com Deus e dos apóstolos com Jesus que atrai as multidões. É dela que vem a força curativa e a autoridade de sabedoria que emana de Jesus.
Assim, todo aquele que deseja seguir a Jesus e fazer a vontade de Deus deve se tornar dependente do seu Amor, isto é viver em constante sintonia com o Pai e deixar-se conduzir por seu Espírito, abandonando as próprias certezas e buscando somente a Verdade Divina, expressa na compassiva misericórdia que emana de Deus e desabrocha em Jesus.
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