
Com o 1º domingo do Advento, iniciamos um novo Ano Litúrgico. Mas o que significa ADVENTO? Significa VINDA, CHEGADA.
O tempo do Advento é o tempo de preparação para a chegada de Jesus, no Natal. É o tempo em que ouvimos o profeta Isaías que nos enche de esperança ao anunciar que Deus não desampara o seu povo e por isso vai enviar nos enviar o Salvador (cf. Is 7,14). É também o tempo de refletir sobre as palavras de João Batista, que anuncia a chegada do Messias e nos alerta: “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas, pois o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,3).
O Advento é o tempo de preparação à vinda daquele que veio, vem e virá. Isto é, daquele que veio habitar na história humana para resgatá-la das trevas, conduzindo-a para a aliança definitiva com Deus, mas que não esgota sua presença na história, pois ainda hoje continua vindo, permanecendo no meio de nós, conduzindo-nos para o encontro derradeiro, quando virá em sua glória para assumir o seu trono na concretização do Reino de Deus.
Esse é o tempo propício para refletir e renovar a nossa vida, descartando as pedras que estão atrapalhando a caminhada, abandonando os desvios que nos afastam do caminho verdadeiro.
Advento é tempo de conversão! Não como muitos pensam, achando que converter-se é mudar de religião; mas mudar de vida, deixar antigos hábitos, preconceitos, erros, para viver uma vida totalmente renovada pelo amor.
É descobrir o amor de Deus por nós, até o ponto de enviar o próprio Filho para assumir a condição humana, despojado da sua divindade (cf. Fl 2,6ss), com o objetivo de restaurar a aliança com a humanidade, trazendo-nos a salvação. E responder a esse amor com o compromisso de sermos construtores do Reino, vivendo o amor ao próximo na promoção da solidariedade que nos leva a lutar pela justiça como gesto de verdadeira caridade.
Essa é a conversão a que somos chamados no tempo do Advento, esse é o significado de preparar os caminhos do Senhor endireitando suas veredas, pois o caminho de Deus passa pelos irmãos, principalmente os mais pobres, mais fracos, mais desvalidos, que são marginalizados e excluídos pela sociedade dominada pela ganância e sede de poder.
O Natal de Jesus se contrapõe a todo sinal de poder e de prepotência. O Filho de Deus encarna-se na história humana na simplicidade de uma família operária, tendo por testemunhas os excluídos da sociedade do seu tempo, os pastores, a quem até mesmo o direito à fé era negado, mas que foram recompensados por Deus.
Os poderosos não reconheceram Jesus, o Emanuel, Deus conosco, pois estavam cegos, tinham os olhos vendados pelas suas verdades, tinham o coração endurecido pelas suas certezas, colocando a esperança no que era insignificante, deixando-se alienar pelas ilusões, seduzidos pelas paixões do mundo. Ao contrário destes, o povo pobre e marginalizado, que não tinha conhecimento, não possuía a sabedoria dos homens, e nem mesmo tinha motivos de esperança, pois que reduzido a nada; estes receberam a graça de ver a Luz que iluminava as trevas e reconhecer que tinha vindo habitar no meio de nós.
Portanto, a conversão necessária neste tempo de Advento é a que nos leva a despojar-nos das nossas verdades, abandonarmos as nossas certezas, voltando-nos para Deus e para o que é importante para Ele, entregando-nos para sermos moldados segundo a Sua Vontade, tendo os olhos abertos para os sinais da sua presença no meio de nós e, principalmente, tendo os ouvidos abertos para o clamor do povo sofredor, tornando-nos esperança para os desesperados.
Essa é a única forma de nos prepararmos para acolher Jesus que veio, vem e virá, o único meio de permitir que Ele possa habitar em nosso coração.
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