
Vida em abundância
“Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça” (Dt 30,15).
No livro do Deuteronômio, Deus nos propõe uma escolha entre a vida e a morte, a felicidade e a desgraça. Essa proposta é o grande sinal do livre arbítrio, maior dom que Deus nos dá. Nós, seres humanos, somos os únicos seres vivos dotados da capacidade de discernimento que nos dá a possibilidade de decidir sobre o que fazer, aonde ir, com quem conviver, o modo de ser. Enfim decidir sobre a nossa própria vida.
Porém, não podemos nos esquecer que a vida humana é uma vida entrelaçada, dependente uma das outras. O ser humano é um ser social, isto é foi criado para viver em grupo – sociedade – e só se realiza humanamente quando inserido no seu grupo.
Assim, o homem e a mulher só se realizam como seres humanos quando preservam a vida em toda a sua plenitude. Essa é a essência da própria humanidade, dom e graça de Deus inserida exclusivamente no homem e na mulher, imagem e semelhança do Criador.
O homem que destrói a vida – seja de que modo for – está se autodestruindo, está usando o seu livre arbítrio para escolher a morte, a sua própria desgraça.
No entanto, o mundo de hoje é tão ardiloso em suas propostas de felicidade, que consegue atrair nossa atenção e dominar nosso entendimento sobre o que é bom ou mal, o que é certo ou errado, o que é sinal de vida ou sinal de morte.
A única forma de nos mantermos livres e podermos decidir com discernimento sobre o que nos convêm ou não, é ter o foco em Jesus, senhor da nossa história, e no seu mandamento de amor: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Isso significa que antes de fazer qualquer escolha devemos parar e refletir: qual das opções é aquela que preserva a vida, seja a vida dos meus semelhantes – meus próximos, seja a minha vida – dom de Deus, seja a vida de todos os outros seres – obra do Criador.
Todas as vezes que buscamos a felicidade expondo a vida ao risco, aniquilando o direito de escolha de outro ou destruindo a natureza que nos abriga em seu seio, estamos violando a lei do amor e escolhendo a desgraça, porque a felicidade não é fruto de escolhas individualistas e egoístas, é fruto do bem comum, o bem que alcança todas as pessoas.
Após nos oferecer a oportunidade de escolha, Deus nos chama à vida: “Escolhe pois a vida, para que vivas tu e teus descendentes, amando o Senhor teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a Ele – pois Ele é tua vida e prolonga os teus dias” (Dt 30, 19b).
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