domingo, 31 de agosto de 2008

Setembro: Mês da Bíblia

Como a nossa Igreja lê a Bíblia

Setembro é o mês da Bíblia. Um mês em que as comunidades se dedicam, de modo mais especial, ao estudo da Palavra de Deus que ela contem.
Muitas pessoas pensam que a leitura da Bíblia deve ser feita do mesmo modo que se lê outros livros de história, que basta abrir e ler do começo ao fim para saber o que Deus nos disse.
A Palavra de Deus está por trás das palavras humanas contidas na Bíblia, nos disse o Pe. Carlos Mester, biblista popular renomado da Igreja Católica. Entre os muitos documentos escritos sobre a Bíblia, a Pontifícia Comissão Bíblica do Vaticano produziu um documento chamado “A Interpretação da Bíblia na Igreja”, onde apresenta pontos fundamentais que não podem ser esquecidos quando fazemos a leitura da Palavra de Deus.
No discurso de apresentação do documento, o Papa João Paulo II, procurando ajudar os católicos a fazerem uma leitura mais fiel da Bíblia, diz que “A interpretação da Bíblia traz conseqüências diretas na relação que homens e mulheres de hoje têm com Deus”. Ele se refere às diferentes imagens que as pessoas têm de Deus por causa do modo como lêem a Bíblia, e como isso influencia o seu modo de agir em relação com as outras pessoas.
O Papa João Paulo II diz que isso acontece por causa do “Mistério da Encarnação”, isto é, na encarnação Deus assume a vida humana integralmente, e se comunica através do jeito humano de ser. Na encarnação de Jesus, ele se encarna na realidade humana do judeu, e se comunica como um judeu do seu tempo, pois esse é a verdade da encarnação, fazer-se gente como a gente, assumindo concretamente tudo o que é humano.
Assim também acontece com a Palavra de Deus contida na Bíblia, ela se encarna nas palavras humanas, no jeito humano de falar, de se comunicar.
O Papa diz : “Na Bíblia, o humano e o divino aparecem juntos”, isto é, a mensagem que Deus quer nos transmitir aparece em linguagem humana, conforme os recursos da cultura do povo, que sentia a presença de Deus nos fatos de sua vida, e falava sobre essa experiência através do seu jeito de se expressar. Por isso o Papa disse haver “Duas atitudes que podem levar a uma falsa idéia de Deus e da Encarnação: a) Dar valor absoluto a todas as palavras da Bíblia; b) ignorar os condicionamentos humanos do texto”.
Isso significa que não podemos fazer uma leitura da Bíblia ao pé-da-letra, ler como se cada palavra escrita fosse ditada por Deus. A Bíblia é inspirada por Deus, Ele põe a semente da sua mensagem no coração do homem, que a transmite com suas palavras humanas, com seu jeito de falar daquilo que Deus inspira em seu coração. Fazer uma leitura “fundamentalista” é perigoso, nos diz o documento, porque as pessoas podem se enganar com interpretações ilusórias, dando falsas certezas e impedindo o pensamento, que deveria encarnar a mensagem de Deus na vida das pessoas.
Assim, é importante que cada comunidade busque ajudar seus fiéis a ler a Bíblia conforme a nossa Igreja orienta, e cada um procure formação bíblica adequada para não cair na tentação de ler ao “pé-da-letra”.

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