sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Curso Bíblico à Distância - Evangelhos Sinóticos - Aula 2

No mês de agosto começamos um Curso Bíblico sobre os EVANGELHOS SINÓTICOS, nome dado ao conjunto dos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, apresentando uma Introdução ao Novo Testamento. Neste mês prosseguimos com essa introdução.

Do Evangelho aos evangelhos.

Vejamos o significado da palavra “Evangelho”. Ela é uma transliteração do termo grego “euangelion”, que significa Boa Notícia. Eu = algo bom. Angelion é derivado de ângelos = mensageiro. Angelion = notícia (o que o mensageiro leva).

Com significado de Boa Notícia encontramos esse termo nas Cartas de Paulo, usado para se referir ao conteúdo da pregação sobre Jesus. Nesse sentido, na Carta aos Gálatas (Gl 1,6-11), Paulo adverte que o Evangelho de Jesus é um só, é o poder de Deus para a salvação daqueles que crêem (Romanos 1,16), é a palavra que age sobre os que nela acreditam (I Tessalonicenses 2,13). Assim, o significado de Evangelho em Paulo é a própria vida de Jesus. Ele mesmo é a Boa Nova do Pai.

No entanto, essa palavra tem também um outro significado. Quando nos referimos aos textos escritos no Novo Testamento a palavra evangelho designa também um gênero literário, além do próprio conteúdo que é a Boa Nova de Jesus. Neste sentido temos quatro evangelhos, quatro livros que apresentam uma única Boa Notícia, o desenvolvimento do Querigma, de formas diversas, apropriadas ao contexto cotidiano da comunidade a que se destina e ao objetivo do autor.

No entanto, essa palavra só foi usada no plural pela primeira vez por São Justino, em + ou – 165 (a.C), dando origem à palavra evangelista, para designar os autores dos quatro evangelhos.

Importante agora é conhecer as diferentes fases do Evangelho e a história da redação deles para entender a forma adotada para cada um. O Concilio Vaticano II, por meio da Constituição dogmática “Dei Verbum” nos parágrafos18 e 19, registra três etapas ou fases do Evangelho, cada qual com características próprias.

A 1ª fase é o anúncio feito pelo próprio Jesus, que não escreveu nenhuma linha, mas fazia uma pregação oral e mais importante que isso era sua própria presença. Era na pedagogia de Jesus que se manifestava o Reino e fazia com que todos compreendessem o que dizia.

A 2ª fase é o anúncio feito pelos Apóstolos, que foram testemunhas dos feitos de Jesus. Embora, enquanto estavam com Ele, os apóstolos compreendessem apenas de forma limitada o que Jesus dizia e fazia como podemos ver em diversas passagens. Podemos conferir em Mateus 26,69-75; em Marcos 14,10; e em Lucas 22,24

Somente depois da ressurreição de Jesus e da vinda do Espírito Santo é que os apóstolos experimentam uma grande transformação de fé e compreendem o verdadeiro sentido de tudo que haviam visto e ouvido – como Jesus afirma em João 16,12-13 e também em 14,26 – e passam a anunciar o Evangelho, pregando de forma clara, bem explicada e até mesmo ligando os acontecimentos da vida de Jesus com o que se lia nas Sagradas Escrituras, o Querigma em todo o seu sentido. Desse modo, fica claro que os evangelhos não são a biografia de Jesus, e que não foram escritos enquanto Jesus estava vivo.

Os ensinamentos e ditos de Jesus contidos nos evangelhos foram transmitidos de boca em boca, na catequese, nas celebrações e em outras oportunidades, quando os discípulos de Jesus se reuniam em comunidade. Essa transmissão não era a repetição dos fatos, eventos acontecidos ou palavras ditas. Era apresentada para ajudar a comunidade trilhar o caminho de Jesus. Servia também para o testemunho de vida dos discípulos.

A 3ª fase é a da redação, dos escritores. Com o passar do tempo e o martírio dos apóstolos, houve a necessidade de reunir os ensinamentos e reflexões para que não se perdessem, registrando por escrito tanto para preservar quanto para levar a outros lugares e comunidades.

[Continua no próximo mês. Envie suas dúvidas para teologiasantana@gmail.com que responderei. Guarde os textos e no final terá uma apostila.]

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