A vida revelada de Jesus nos aponta os motivos da sua morte. Ele vivia numa sociedade teocêntrica, onde a religião ditava as normas de conduta éticas, sociais e espirituais, e o Sinédrio, conselho de anciãos e sacerdotes que tinha função civil e religiosa, detinha todo o poder. O império romano valia-se do sinédrio para controlar a vida dos judeus.
Jesus se tornou uma pessoa consciente da realidade de seu tempo e do distanciamento que existia entre esta e a vontade de Deus. As leis que deveriam preservar a vida e a dignidade das pessoas haviam se tornado um código de ritualismos que marginalizava e excluía aqueles que não tinham condição de cumpri-lo, distanciando-os de Deus, aprisionado no Templo e mediado pelos sacerdotes.
Diante dessa realidade, e inspirado pelo amor de Deus, Jesus se compadece do povo que está desorientado “como ovelhas sem pastor”(Mc 6,34). Sua ação em favor dos marginalizados, sua atitude livre e consciente, incomoda aqueles que pautavam suas vidas pelos ritualismos e pré-conceitos (cf. Mc 2,1- 3,6).
Com o passar do tempo, o agir de Jesus se torna um obstáculo concreto ao domínio exercido pelos sacerdotes, além de representar também uma ameaça aos interesses econômicos destes. Por esse motivo, eles começam a espreitar Jesus, buscando meios para acusá-lo diante do império romano (cf. Mc 12,13-17).
Assim, a morte de Jesus foi uma conspiração articulada pelo sinédrio, que queria destruir o projeto de Jesus, e não apenas se livrar dele. É por isso que eles insistiram na sua crucificação (cf. Mt 27,11-24).
A crucificação era uma pena abominável, vista como sinal de maldição. Aquele que fosse condenado a morrer na cruz tornava-se “um maldito de Deus”, e todos, até mesmo pai e mãe, o renegavam. Assim, condenando Jesus à morte de cruz, os sacerdotes queriam provar que ele não vinha de Deus que o amaldiçoava e renegava seu projeto. Queriam mostrar que Deus estava com eles, que eram os donos da verdade.
Porém, não podemos olhar a morte de Jesus apenas de um ponto de vista, precisamos olhar também para ele mesmo.
Por que, se Jesus sabia que havia uma trama para matá-lo, não se afastou, esperando que as coisas melhorassem, evitando ser condenado? Por que Jesus vai a Jerusalém, o centro do poder do sinédrio?
Jesus estava convicto do seu agir, tinha certeza da vontade do Pai, sentia no íntimo do seu coração que não podia abandonar aquele povo tão sofrido e sem rumo. Ele não recua diante das acusações infundadas porque tem confiança em Deus e sabe que Ele não vai abandoná-lo. Assim, ele assume o seu papel, se entrega por que é livre, porque não teme o julgamento dos homens. Ele é o protagonista da sua própria história e faz o seu próprio caminho. Ninguém o empurra para onde ele não quer ir, vai livremente (cf. Mt 16, 21-25).
A morte de Jesus é fruto da maldade humana, mas é também conseqüência do profundo amor que ele tem pelo Pai e da fidelidade à sua missão de salvar a vida humana e semear o Reino. Recuar diante da iminência da morte seria sinal de incerteza diante do projeto de Deus, e isso destruiria tudo o que havia realizado
Este já é o terceiro tema do Curso de Cristologia, para que você possa continuar a aprofundar seus conhecimentos. Se você não viu os dois primeiros temas, procure no arquivo do Blog da Teo, em Cristologia. Dúvidas poderão ser enviadas através do link para comentários e as respostas serão publicadas no Blog.
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